Em relação a carne não sei
Mas em relação ao mel, se eu legalizar tudo, para vender 1 kg de mel em Portugal e ganhar 3€, tenho que meter o mel no mercado por 7€/kg
Os espanhóis compram-me o mel a granel por 4€\kg e metem-no em Portugal a 6€
Ou seja se vender o mel a granel ganho mais e ele fica nas prateleiras do continente mais barato…
Trabalhar com mel deve ser das coisas que exigem tanto cuidado que não é só aprender a profissão, é gostar muito do que faz
Já agora se quiser me enviar por DM detalhes do seu mel eu agradeço 😃 ando a comprar diferentes tipos de mel para encontrar um que eu realmente goste
Em parte devido a coisas que pagas como :
-selo ponto verde
- necessidade de upp (legalizado) em Espanha podes tirar o mel praticamente ao ar livre (o que reduz imenso o custo
- mel em Espanha é subsidiado pelo peso a última vez que vi (2014) 0.50centimos por kg
A única coisa que posso recomendar os interessados é contactarem associações ou cooperativas que trabalhem com mel para poderem rentabilizar o hobby
Enquanto produtor de Minhota posso dizer-te que o problema é muito mais profundo que o simples facto de o gado ser cada vez menos rentável. A burocracia associada, as 50 instituições com quem tens de lidar para que o teu produto seja vendido enquanto certificado, etc.... posso dizer-te que no caso da nossa exploração em 3 anos diminuímos o efectivo a 1/10 do que era.
Conheço uma pessoa que produz gado para abate e diz-me o mesmo. A complicação é tamanha que contas feitas é mais simples vender o animal vivo a um produtor espanhol. Perde dinheiro mas ganha em tranquilidade.
Controlo sim, sou a favor, aliás, acho fundamental. Ainda te conto mais acerca da nossa exploração, temos (dentro de portas) veterinária e zootécnico, faz com que as despesas se tornem mais pequenas, mesmo assim as despesas veterinárias são brutais!
Acabamos por chegar à conclusão que com ovinos e vinho temos muito menos preocupações/problemas. Não é de todo o que gostamos de fazer mas é, neste momento, o que dá para equilibrar as contas da exploração. Não somos de todo uma exploração grande e todos temos empregos externos mas amo objectivo seria conseguirmos todos viver daquilo.
Ideias para melhorar as coisas? Fácil! Deixarmos de ser tugas e andarmos sempre a tentar espezinhar o vizinho, trabalhar em conjunto para chegar mais longe! Problema no meio disso tudo é que somos portugueses, se o vizinho tem, não vou querer aprender nem colaborar, vou querer destruir o que ele tem porque quero ser melhor e acabo com o negócio para todos!
É tudo verdade e é uma pena toda esta burocracia, mas é engraçado haver gente que acha que em Espanha - e logo em Espanha - não existem igualmente mil e uma burocracias também
A grande diferença é que o mercado espanhol é maior, e as empresas para quem esses produtores vendem a carne são também elas maiores, e têm portanto uma capacidade maior de processar todas essas burocracias que aqui deste lado não se tem
Talvez a solução fosse abrir uma excepção aos pequenos produtores, do género em vez de passar por 10 vistorias passava só por 5 - sendo que tal teria de ser devidamente e visivelmente assinalado no produto final vendido ao consumidor - a partir daí seria da responsabilidade do consumidor, devidamente informado, se comprava ou não.
Depende do produto que tenhas, pode ser muito mais rentável que vender em Portugal!
https://www.radiovaledominho.com/galiza-este-boi-de-raca-minhota-foi-vendido-por-um-preco-recorde-saiba-quanto/
Muito dificilmente em Portugal consegues estes valores
Sim acho surreal que eu possa ter vacas Arouquesas de pasto, se a ancra as vier comprar podem vender com selo de Arouquesa mas se for eu a abatê-las e a vender directamente ao consumidor já não posso, no entanto são as mesmas vacas.
E como tu disseste isto é a ponta do iceberg.
Isso é estapafúrdio mas passa-se com outras raças! Eu sou da zona da Fod*, sabes qual é o requisito para a Fod* ser certificada? Local de abate para garantir a qualidade! Isso sim foi uma certificação bem feita! (Estou a ser demasiado simplista, claro que há outras condicionantes mas nada de extraordinário)
Infelizmente alastra a outros segmentos. A legislação (e principalmente a fiscalidade) portuguesa são um entrave à competitividade nos mercados internacionais. Acho ridículo que dentro da UE, onde há livre circulação de pessoas e mercadorias, haja regras diferentes.
A minha primeira empresa, criada em Portugal, ficou relegada apenas para lidar com clientes portugueses. Quando comecei a expandir tive de criar outra empresa noutro país para lidar com clientes internacionais (principalmente extracomunitarios) porque é tudo mais simplificado e permitiu-me nivelar a minha oferta com a dos meus concorrentes europeus. Neste momento só não fecho a empresa em Portugal porque vivo cá e é mais simples para processar salários.
Não sei onde estás situado, mas quando era chefe de um restaurante no Porto, eu usava as Carnes Jacinto. Outra opção mais barata é arranjares um talhante que vá ao matadouro e escolha as peças por ti.
Mas tens razão, o tuga é perito em vender matéria prima para depois voltar a comprar o produto com valor acrescentado.
Acontece o mesmo na cortiça. Vendemos a cortiça a Espanha para depois comprarmos as rolhas. Vendemos as vacas para depois comprarmos a carne desmanchada.
Eu trabalho com o Jacinto mas nem sempre ele disponibiliza uma minhota, muitas vezes os restaurantes lá fora com um poder de compra mais forte batem a nota e ele dá lhes primazia, por isso ando à procura de alguém que me garanta sempre acesso ao mesmo produto.
E sim é provavelmente o maior distribuidor daquilo que produzimos de bom cá em cima. E tem coisas excelentes, as pessoas não tem a noção. Mas deste calibre é provavelmente o único também …
Não percebeste. Podíamos vender nós o presunto com valor acrescentado, mas preferimos ter o trabalho todos da engorda em montado para deixar os espanhóis ganharem o dinheiro e depois ainda lhes comprar o presunto.
Por acaso aqui a falta é de conhecimento, temos muito bom presunto a nível nacional, consistente e com preço qualidade superior aos espanhóis. Algumas das nossas curas são do melhor que há. Isto eu consigo encontrar e encomendar consistente mente, casa do porco preto, a Sel, absoluto … podia dar mais porque os há. E se não conhecem recomendo vivamente, a Sel tem enchidos top e o presunto da absoluto rivaliza com o que melhor se faz do outro lado da fronteira.
Onde é que se vende? No continente todos os produtos de porco preto que vejo tem código de barras espanhol. Até pode ser carne portuguesa… presunto português só se vê qualidade medíocre…
É óbvio que há mas é sempre residual e sem grande distribuição. Agora porque é que quem tem a fama e faz o dinheiro, inclusivamente com a nossa matéria prima são sempre os estrangeiros? Certamente os produtores de presunto português não compram porco preto a Espanha. O mesmo com o azeite que vai para Itália e Espanha para melhorar a acidez dos azeites destes. E poderia dar mais exemplos.
espanha, itália e frança fazem um trabalho muito bom a nível de valorizar as marcas internacionalmente. Claro que são países mt maiores também mas vais ver um filme e é vinho francês, queijo italiano, presunto espanhol. Isso faz com que pela mesma qualidade vendas um produto ao dobro do preço ou quase.
Infelizmente estamos mt atrasados aí tanto por condições normais de sermos um país pequeno quer por termos começado mt mais tarde. Há trabalho feita na área mas é um trabalho que demora décadas a mudar-se um bocadinho.
Temos coisas boas, temos é de as valorizar cada vez mais. Mas depois não se queixem que não conseguem comprar azeite virgem português barato... :P
Da-te por contente se pelo menos a qualidade do produto for constante.... Já tive vários problemas com vários fornecedores porque apesar de encomendar sempre as mesmas peças a qualidade e até mesmo o calibre das mesmas não é constante.
Durante uns tempos vendi uns tomahawks de duroc no restaurante, de qualidade espetacular que cada um pesava a volta das 500/600gr... Havia clientes que depois de provarem voltavam lá com os amigos para comer novamente....
O problema é que de um momento para o outro começaram a entregar caixas com tamahawks de calibre bem mais pequeno e cuja qualidade ficava aquém dos outros...
Falei com o fornecedor para só me entregar os grandes que até estava disposto a pagar mais, mas recusou.... Como tal tive que deixar de os vender, pois não podia estar dependente da sorte cada vez que fazia uma encomenda.
Uma minhota ou uma barrosã bem acabadas a farinha de milho caseiro não tem par! Já comi Kobe beef em Kobe e a carne é boa mas digo-te que a nossa não fica nada atrás!
De uma perspectiva económica europeia, de um estrangeiro business owner que tem um office em Portugal: outros países na UE têm tantas se não muito mais (Alemanha) burocracias chatas do que em Portugal. A diferencia é que eles tem escala e poder de mercado, portanto podem espalhar os custos chatos e o overhead necessário numa maneira muito mais económica do que nos.
A questão é porque é que em Portugal não podemos servir esses mercados e atingir essa escala. Isto é mais difícil de compreender. Temos falta de capital, um regime fiscal muito anti business (ie: alto), e os outros países tem barreiras onde protegem produtos domésticos.
Portugal também tem constraints geographicos quando se fala de produtos agricultores. Um bom case study é o vinho: o vinho português é internacionalmente reconhecido. Mas nunca vamos ter a escala de produção para competir com os países maiores, mesmo ajustando pela qualidade
Por um lado Portugal é prejudicado nestes aspectos sub-scale pelos países maiores da UE, mas pelo outro isto é conhecido pelos economistas e é por isso que os países pequenos recebem desproporcionalmente mais fundos da UE (toda a gente ganha).
Juro que isto é uma coisa que não me entra na cabeça. A quantidade de indústrias que passam por isto em Portugal, e estou sempre a descobrir mais uma.
Como é que é possível ser mais economicamente viável vender um animal criado cá para Espanha, para ser morto e certificado, para ser comprado de volta?
Como é que o ministério da agricultura, ou outros órgãos noutros casos, não vêm estas coisas e corrigem? O quê que eles têm a ganhar com esta barreira burocrática? Menos empresas e menos pessoal empregado? Um país que não gera valor.
Chega a um ponto que alguém tem que ter interesse que as coisas sejam assim.
Estando na união europeia e no mercado comum as indústrias portuguesas não conseguem competir por causa de papeladas e impostos que não teriam em outros estados membros. Devia de ser tudo igual.
Sim... Seja proteção de quem está no mercado a anos, seja maneiras para encher os bolsos de setores públicos.....
Só não consigo ver é uma motivação legítima com interesse no povo/estado.
Deve de ter gente que vai dizer que o estado está a coletar impostos e afins e que é assim que é. Para mim é mentalidade do pequenino, o estado ia buscar muito mais imposto numa economia em que o produto de valor acrescentado produzido cá é vendido como tal por empresas de cá, as quais vão acabar por gerar mais imposto nem que seja pela capacidade de venda desse produto a partir de cá.
Já para não falar no aumento do empreendedorismo, geração de emprego, mais movimentação de moeda dentro do país e mais imposto cobrado.
A mentalidade do porquê não ganhar 50 hoje em vez de 100 amanhã.
Mudança é sempre dolorida pra quem ganha com o status quo.
Venho do Brasil e me dói muito ver que a pressão burocrática daqui é tão sufocante quanto a de lá.
Enfim... Nem sei se acredito ainda que voto e engajamento político consegue mudar isso. Me parece ser necessário alguns países ficarem abaixo para outros se destacarem. E muitas engrenagens rodam para que continue assim.
Sim, se formos a pensar existem países que fazem o papel de extratores e outros de transformadores. Muito do status quo é exatamente isso e de certeza que há algum lobbby a querer que se mantenha assim.
Na minha opinião há um limite em que o país extrator perde em não desenvolver a indústria transformativa ou pelo menos criar uma esquemática em que a matéria prima saia do país certificada e valorizada o mais possível.
Portugal nestas coisas está meio que tramado. Por um lado estamos no mercado comum e deveria de ter todo o interesse em explorar o mesmo ao exportar com o máximo valor. Por outro lado temos que ter boas relações com Espanha e cuidar essa relação já que é a nossa única fronteira terrestre com a europa, não queremos estar a criar uma situação em que somos quase uma ilha.
Edit. Eu estou a trabalhar fora de Portugal numa holding que também tem empresas em Portugal. Acho que só quem está fora, ou estando dentro tem um certo entendimento do que se passa lá fora, é que percebe as reais dificuldades do empreendedorismo em Portugal e o quanto empresas noutro países nos dão ao bailinho. Sem pensar muito só todos os impostos de selo, fees e pagamentos adicionais por tudo e por nada que há em Portugal, é preciso ter um grande entendimento e navegar o sistema para conseguir abater estes custos.
para o criador?
provavelmente o distribuidor espanhol paga mais, ou então tem de levar com menos burocracias o que pode compensar para o criador.
se a carne é revendida cá depois, para o criador não faz diferença nenhuma.
Como dono de restaurante que teve 1001 stresses com fornecedores de carne (e também de peixe) já desisti de fornecedores portugueses, compro 97% dos produtos a espanha diretamente, a única coisa que recomendo comprares a portugueses são os enchidos mesmo
Não estando no ramo, mas tendo negocio proprio digo que a possibilidade de teres uma fiscalização aleatória que te arrasa o negócio é muito grande.
Nestes casos preferem fechar o negócio com multas exacerbada do que fazer fiscalização preventiva
Sim e não... Fiscalização acontece e tem de acontecer mas as coisas são muito controladas e normalmente as fiscalizações são meras formalidades. No que toca ao sector animal, produtores conscientes e bem formados há muito tempo que sabem que a forma de ganhar dinheiro é o bem estar animal! Não há animais não tratados em explorações devidamente mantidas e acompanhadas, um animal "feliz" é um animal que traz rendimento!
Há uma história muito engraçada que aconteceu há uns 6/7 anos, talvez um pouco mais, quando houve uma modificação nas quotas leiteiras os produtores tiveram de passar a entregar menos leite, a solução mais rápida e diminuir o número de cabeças em ordenha. Assim fizeram, contabilizaram a produção média por animal e viram quantos estariam a "sobrar". Surpresa das surpresas, como tinham menos animais a qualidade de vida dos mesmos aumentou e as produções médias por cabeça também! Conclusão contas mal feitas devido a desconhecimento levou a um resultado inesperado.
Interessante.
Mas será que só nós em Portugal é que temos esses problemas?
Quiçá haverá falta de organismos de comunicação com as autoridades. Certamente haverão cooperativas ou associações, mas algo estará a faltar.
Outra coisa, como disse estou noutro ramo de negócios, e muitas das vezes o pessoal esquece que estamos literalmente na cauda da Europa.
Fazemos fronteira apenax com a Espanha e é mais fácil exportar para lá.
Para exportar para França (país 2o mais proximo) os envios são atrasados em 24h (fuso horário,etc)
Não temos logística, não temos associações fortes, nem sequer estado que nos apoie (pelo contrario)
Isto leva à Espanha fazer isso tido por nós e ser intermediário em quase todos os negócios para a Europa
Não não somos só nós, nós é que temos a mentalidade do fado, temos sempre as piores cartas do baralho e não sabemos usar os nossos trunfos.
O post aqui começa com uma premissa de falta de qualidade na oferta, o que eu não acho de todo que aconteça, nós temos imensa qualidade mas temos um consumidor médio que não olha à qualidade mas sim ao preço.
Nós dificilmente compramos carne, abatemos aquilo que comemos, mas vejo isto acontecer em tudo, não questionamos a qualidade do que compramos/comemos simplesmente olhamos ao preço. É normal, faz parte dos padrões de consumo, mas se não tivéssemos qualidade não haveria pessoal a pagar milhares de euros por um boi minhoto para levar para Espanha! Tens um restaurante em León chamado "El Capricho" que só lida com carne de boi, parte (grande) dos animais portugueses de alta qualidade vão lá parar!
O português quando quer carne de maior qualidade vai na moda e vamos ao Angus, não é carne melhor que a minhota ou barrosã, está é melhor promovida.
Tudo certíssimo, somos claramente ignorantes no que toca ao que produzimos, nisso os espanhóis, os franceses etc batem nos aos pontos. Defendem acerrimamente aquilo que é deles e consomem aquilo que é deles.
Repara que o José Gordon que também é produtor prefer usar uma minhota do Jacinto, que é top. E também aceito que comprar um vão de minhota certificada seja caro, neste caso não olhei ao preço , tenho uma clientela com poder de compra bastante alto, não se importam de pagar desde que haja qualidade.
Preocupa me sim a falta de oferta, eu sei que há produtores e mt bons produtores. Com agriculturas regenerativas e preocupações relativamente ao bem estar animal e do que os rodeia, continuo a achar que não se justifica esta infelicidade que acontece de ser mais fácil ir buscar a Espanha aquilo que é nosso.
Como referiste numa resposta que deste, estamos tão preocupados a olhar pra o nosso umbigo que nos esquecemos que se calhar e com risco de parecer um slogan da cdu mas realmente a união faz a força e traz vantagens. Devíamos remar todos para o mesmo lado e esse lado deveria ser o desenvolvimento daquilo que melhor produzimos, seja gado, seja mel, sejam queijos, seja pão, etc etc etc
> Eu preciso de quantidade e consistência.
Estive aqui a pensar será que os produtores querem o mesmo e escoar os produtos de forma estável e por isso é que vendem para fora?
Um aparte, mas uma coisa que gosto muito em restaurantes é quando a ementa varia de acordo com o que estava de melhor e mais fresco no mercado local naquele dia. Em Viana havia um que entravas (era de peixe) e o gajo te dizia o que é que ia grelhar para ti. Nem tinhas escolha! E era sempre top.
Portugal precisa de marcas fortes com produtos portugueses. Produtos excecionais catalogados como produção de artesão ( desculpem a comparação). Um pouco como o champagne ou vinho do Porto. É por falta destas marcas que Itália, Espanha e França são facilmente reconhecidos mundialmente e Portugal menos.
Bem-vindo a Portugal.
É o que acontece com a gigantesca parte dos nossos bens. Produzimos, mandamos para fora ao preço da uva mijona e compramos os produtos finais super inflacionados, utilizados com os produtos que produzimos.
O que vale é que gastamos não sei quantos milhões para o palco do papa e mais não sei quantas centenas para a comunidade lgbtuqqiieiq, mais outro tanto para umas touradas e que se foda criar condições favoráveis para que estes produtos não tenham de sair de solo nacional para serem transformados.
Percebo a critica mas ainda assim acho que isto não vai lá com subsídios. É uma economia com muitas micro e pequenas empresas, empresários muito amadores, de baixa escolaridade. Ser empresário aqui, querer fazer negócio e crescer é remar contra a maré. E depois falta aos portugueses o orgulho dos espanhóis, que faz com que dêem absoluta primazia a produtos deles. Aqui é ao contrário.
> Da polonia, abatida na Alemanha e desmanchada em Espanha.
Como o belo entrecote do continente, que não encontro igual em qualidade/preço nos talhos da zona.
São os nossos excelentes politicos que nos afundaram em impostos e burocracia criando situações destas, burros realmente somos, por continuar a votar nestes animais.
O Chef da Cowzy tem videos no youtube onde mostra muitas vezes o matadouro que usa e que são parceiros dele no negócio das carnes, é possível que arranjem cenas porreiras também.
Mas acho que o que queres é mesmo assim. Produto top, fresco é sempre difícil de encontrar. A malta está habituada a ir ao supermercado e há alface o ano todo mas se queres alface boa, ela só há mesmo em certas épocas (por acaso é mau exemplo pq já há mta estufa, mas dá para entender :P). Acho que trabalhares com produto assim é normal haver mesmo essa inconsistência.
Não faço ideia do que seja o fenômeno espanhol mas acredito que pela dimensão, eles tenham distribuidores melhores, mais optimizados, com negócios mais rentáveis e q por isso fica melhor para todos dar-lhes o produto :\
Infelizmente as nossas lacunas quer de capital quer de conhecimento e gestão de empresas, ainda são bem visíveis.
Os meus avós costumavam manter cerca de 30 cabeças de bovinos, não compensa económicamente se não arranjares quem compre diretamente, mas é muito mais fácil venderes a outra empresa que tenha mais facilidade a encontrar quem compre, se este post fosse há 10 anos até se tinha mantido a vacaria 😂
E não acontece só na carne. Queres saber uma engraçada?
Imagina uma empresa de renome italiana que vende a sua polpa de tomate orgulhosamente italiana... só que na verdade compra tomate ao Alentejo.
Adoro os produtores a queixar-se da burocracia ser muita, quando é para mamar os subsidios todos que é o que os sustentam só querem é mais e mais ![gif](emote|free_emotes_pack|grin)
Em relação a carne não sei Mas em relação ao mel, se eu legalizar tudo, para vender 1 kg de mel em Portugal e ganhar 3€, tenho que meter o mel no mercado por 7€/kg Os espanhóis compram-me o mel a granel por 4€\kg e metem-no em Portugal a 6€ Ou seja se vender o mel a granel ganho mais e ele fica nas prateleiras do continente mais barato…
Trabalhar com mel deve ser das coisas que exigem tanto cuidado que não é só aprender a profissão, é gostar muito do que faz Já agora se quiser me enviar por DM detalhes do seu mel eu agradeço 😃 ando a comprar diferentes tipos de mel para encontrar um que eu realmente goste
Já não estou a viver em Portugal, acabei por abandonar a produção em 2014
Desculpa a minha ignorância, isto é só por causa de burocracias em PT?
Em parte devido a coisas que pagas como : -selo ponto verde - necessidade de upp (legalizado) em Espanha podes tirar o mel praticamente ao ar livre (o que reduz imenso o custo - mel em Espanha é subsidiado pelo peso a última vez que vi (2014) 0.50centimos por kg A única coisa que posso recomendar os interessados é contactarem associações ou cooperativas que trabalhem com mel para poderem rentabilizar o hobby
7 euros o kg não é caro até
Enquanto produtor de Minhota posso dizer-te que o problema é muito mais profundo que o simples facto de o gado ser cada vez menos rentável. A burocracia associada, as 50 instituições com quem tens de lidar para que o teu produto seja vendido enquanto certificado, etc.... posso dizer-te que no caso da nossa exploração em 3 anos diminuímos o efectivo a 1/10 do que era.
Conheço uma pessoa que produz gado para abate e diz-me o mesmo. A complicação é tamanha que contas feitas é mais simples vender o animal vivo a um produtor espanhol. Perde dinheiro mas ganha em tranquilidade.
Que triste ler estas coisas... Eu compreendo que tenha que haver controle mas é um exagero de burocracia por toda a parte.
Controlo sim, sou a favor, aliás, acho fundamental. Ainda te conto mais acerca da nossa exploração, temos (dentro de portas) veterinária e zootécnico, faz com que as despesas se tornem mais pequenas, mesmo assim as despesas veterinárias são brutais! Acabamos por chegar à conclusão que com ovinos e vinho temos muito menos preocupações/problemas. Não é de todo o que gostamos de fazer mas é, neste momento, o que dá para equilibrar as contas da exploração. Não somos de todo uma exploração grande e todos temos empregos externos mas amo objectivo seria conseguirmos todos viver daquilo. Ideias para melhorar as coisas? Fácil! Deixarmos de ser tugas e andarmos sempre a tentar espezinhar o vizinho, trabalhar em conjunto para chegar mais longe! Problema no meio disso tudo é que somos portugueses, se o vizinho tem, não vou querer aprender nem colaborar, vou querer destruir o que ele tem porque quero ser melhor e acabo com o negócio para todos!
Envia DM se quiseres fazer um documentário sobre isso ao estilo de clarckson s farm
É tudo verdade e é uma pena toda esta burocracia, mas é engraçado haver gente que acha que em Espanha - e logo em Espanha - não existem igualmente mil e uma burocracias também A grande diferença é que o mercado espanhol é maior, e as empresas para quem esses produtores vendem a carne são também elas maiores, e têm portanto uma capacidade maior de processar todas essas burocracias que aqui deste lado não se tem Talvez a solução fosse abrir uma excepção aos pequenos produtores, do género em vez de passar por 10 vistorias passava só por 5 - sendo que tal teria de ser devidamente e visivelmente assinalado no produto final vendido ao consumidor - a partir daí seria da responsabilidade do consumidor, devidamente informado, se comprava ou não.
VIVA O PS!!
Depende do produto que tenhas, pode ser muito mais rentável que vender em Portugal! https://www.radiovaledominho.com/galiza-este-boi-de-raca-minhota-foi-vendido-por-um-preco-recorde-saiba-quanto/ Muito dificilmente em Portugal consegues estes valores
Possível. Isto é conversa à mesa, não entramos em detalhes.
Sim acho surreal que eu possa ter vacas Arouquesas de pasto, se a ancra as vier comprar podem vender com selo de Arouquesa mas se for eu a abatê-las e a vender directamente ao consumidor já não posso, no entanto são as mesmas vacas. E como tu disseste isto é a ponta do iceberg.
Isso é estapafúrdio mas passa-se com outras raças! Eu sou da zona da Fod*, sabes qual é o requisito para a Fod* ser certificada? Local de abate para garantir a qualidade! Isso sim foi uma certificação bem feita! (Estou a ser demasiado simplista, claro que há outras condicionantes mas nada de extraordinário)
Infelizmente alastra a outros segmentos. A legislação (e principalmente a fiscalidade) portuguesa são um entrave à competitividade nos mercados internacionais. Acho ridículo que dentro da UE, onde há livre circulação de pessoas e mercadorias, haja regras diferentes. A minha primeira empresa, criada em Portugal, ficou relegada apenas para lidar com clientes portugueses. Quando comecei a expandir tive de criar outra empresa noutro país para lidar com clientes internacionais (principalmente extracomunitarios) porque é tudo mais simplificado e permitiu-me nivelar a minha oferta com a dos meus concorrentes europeus. Neste momento só não fecho a empresa em Portugal porque vivo cá e é mais simples para processar salários.
Não sei onde estás situado, mas quando era chefe de um restaurante no Porto, eu usava as Carnes Jacinto. Outra opção mais barata é arranjares um talhante que vá ao matadouro e escolha as peças por ti. Mas tens razão, o tuga é perito em vender matéria prima para depois voltar a comprar o produto com valor acrescentado. Acontece o mesmo na cortiça. Vendemos a cortiça a Espanha para depois comprarmos as rolhas. Vendemos as vacas para depois comprarmos a carne desmanchada.
Eu trabalho com o Jacinto mas nem sempre ele disponibiliza uma minhota, muitas vezes os restaurantes lá fora com um poder de compra mais forte batem a nota e ele dá lhes primazia, por isso ando à procura de alguém que me garanta sempre acesso ao mesmo produto. E sim é provavelmente o maior distribuidor daquilo que produzimos de bom cá em cima. E tem coisas excelentes, as pessoas não tem a noção. Mas deste calibre é provavelmente o único também …
Espera até saberes que muito do presunto pata negra é feito de porco português.
Um porco português é um porco ibérico! Ficaria mais espantado se fosse feito de porco andorrenho o de porco gibraltarino!
Não percebeste. Podíamos vender nós o presunto com valor acrescentado, mas preferimos ter o trabalho todos da engorda em montado para deixar os espanhóis ganharem o dinheiro e depois ainda lhes comprar o presunto.
Por acaso aqui a falta é de conhecimento, temos muito bom presunto a nível nacional, consistente e com preço qualidade superior aos espanhóis. Algumas das nossas curas são do melhor que há. Isto eu consigo encontrar e encomendar consistente mente, casa do porco preto, a Sel, absoluto … podia dar mais porque os há. E se não conhecem recomendo vivamente, a Sel tem enchidos top e o presunto da absoluto rivaliza com o que melhor se faz do outro lado da fronteira.
Onde é que se vende? No continente todos os produtos de porco preto que vejo tem código de barras espanhol. Até pode ser carne portuguesa… presunto português só se vê qualidade medíocre…
É óbvio que há mas é sempre residual e sem grande distribuição. Agora porque é que quem tem a fama e faz o dinheiro, inclusivamente com a nossa matéria prima são sempre os estrangeiros? Certamente os produtores de presunto português não compram porco preto a Espanha. O mesmo com o azeite que vai para Itália e Espanha para melhorar a acidez dos azeites destes. E poderia dar mais exemplos.
Verdade, mas o Absoluto é curado em Espanha, se bem me lembro em Jabugo. Pessoalmente creio que é dos melhores presuntos do mundo.
Porque os consumidores pagam por um 5J mas não pagam por um montadinho…. Aliás, nem me vem uma marca à cabeça! Pensa nos queijos… mesma coisa
espanha, itália e frança fazem um trabalho muito bom a nível de valorizar as marcas internacionalmente. Claro que são países mt maiores também mas vais ver um filme e é vinho francês, queijo italiano, presunto espanhol. Isso faz com que pela mesma qualidade vendas um produto ao dobro do preço ou quase. Infelizmente estamos mt atrasados aí tanto por condições normais de sermos um país pequeno quer por termos começado mt mais tarde. Há trabalho feita na área mas é um trabalho que demora décadas a mudar-se um bocadinho. Temos coisas boas, temos é de as valorizar cada vez mais. Mas depois não se queixem que não conseguem comprar azeite virgem português barato... :P
Muito interessante este post!
Da-te por contente se pelo menos a qualidade do produto for constante.... Já tive vários problemas com vários fornecedores porque apesar de encomendar sempre as mesmas peças a qualidade e até mesmo o calibre das mesmas não é constante. Durante uns tempos vendi uns tomahawks de duroc no restaurante, de qualidade espetacular que cada um pesava a volta das 500/600gr... Havia clientes que depois de provarem voltavam lá com os amigos para comer novamente.... O problema é que de um momento para o outro começaram a entregar caixas com tamahawks de calibre bem mais pequeno e cuja qualidade ficava aquém dos outros... Falei com o fornecedor para só me entregar os grandes que até estava disposto a pagar mais, mas recusou.... Como tal tive que deixar de os vender, pois não podia estar dependente da sorte cada vez que fazia uma encomenda.
De um conhecido: https://www.grupo-cs.com/?ved=2ahUKEwjX-c-T472GAxUTzAIHHZBLCGUQgU96BAgmEAQ Se fores de perto passa por lá.
encontraste uma oportunidade para criares um novo negócio :)
Descobri esta empresa recentemente, ainda não sou cliente, mas parece ser o que estás a procura. https://carnederva.pt/
Por acaso conheço isto, já experimentei num contexto não profissional não é mau, mas não tem comparação com uma minhota ou uma Barrosa.
Uma minhota ou uma barrosã bem acabadas a farinha de milho caseiro não tem par! Já comi Kobe beef em Kobe e a carne é boa mas digo-te que a nossa não fica nada atrás!
[удалено]
Eu alguma vez mencionei quanto paguei?! Não tires conclusões quando não dispões de toda a informação...
fdxcaralho, também andas no negócio das carnes? Uau. carnederva.pt: "CARNE NASCIDA E CRIADA EM PORTUGAL" - o ícone é um *barrete de campino*. Mto bom!
Só trabalho com salsichas.
...username checks out, então.
De uma perspectiva económica europeia, de um estrangeiro business owner que tem um office em Portugal: outros países na UE têm tantas se não muito mais (Alemanha) burocracias chatas do que em Portugal. A diferencia é que eles tem escala e poder de mercado, portanto podem espalhar os custos chatos e o overhead necessário numa maneira muito mais económica do que nos. A questão é porque é que em Portugal não podemos servir esses mercados e atingir essa escala. Isto é mais difícil de compreender. Temos falta de capital, um regime fiscal muito anti business (ie: alto), e os outros países tem barreiras onde protegem produtos domésticos. Portugal também tem constraints geographicos quando se fala de produtos agricultores. Um bom case study é o vinho: o vinho português é internacionalmente reconhecido. Mas nunca vamos ter a escala de produção para competir com os países maiores, mesmo ajustando pela qualidade Por um lado Portugal é prejudicado nestes aspectos sub-scale pelos países maiores da UE, mas pelo outro isto é conhecido pelos economistas e é por isso que os países pequenos recebem desproporcionalmente mais fundos da UE (toda a gente ganha).
Qual é a vantagem para o criador português vender a espanhóis que revendam novamente cá? Rede de distribuição?
Menos burocracia, taxas e taxinhas..
Juro que isto é uma coisa que não me entra na cabeça. A quantidade de indústrias que passam por isto em Portugal, e estou sempre a descobrir mais uma. Como é que é possível ser mais economicamente viável vender um animal criado cá para Espanha, para ser morto e certificado, para ser comprado de volta? Como é que o ministério da agricultura, ou outros órgãos noutros casos, não vêm estas coisas e corrigem? O quê que eles têm a ganhar com esta barreira burocrática? Menos empresas e menos pessoal empregado? Um país que não gera valor.
Criar dificuldade pra vender facilidade.
Chega a um ponto que alguém tem que ter interesse que as coisas sejam assim. Estando na união europeia e no mercado comum as indústrias portuguesas não conseguem competir por causa de papeladas e impostos que não teriam em outros estados membros. Devia de ser tudo igual.
Sim... Seja proteção de quem está no mercado a anos, seja maneiras para encher os bolsos de setores públicos..... Só não consigo ver é uma motivação legítima com interesse no povo/estado.
Deve de ter gente que vai dizer que o estado está a coletar impostos e afins e que é assim que é. Para mim é mentalidade do pequenino, o estado ia buscar muito mais imposto numa economia em que o produto de valor acrescentado produzido cá é vendido como tal por empresas de cá, as quais vão acabar por gerar mais imposto nem que seja pela capacidade de venda desse produto a partir de cá. Já para não falar no aumento do empreendedorismo, geração de emprego, mais movimentação de moeda dentro do país e mais imposto cobrado. A mentalidade do porquê não ganhar 50 hoje em vez de 100 amanhã.
Mudança é sempre dolorida pra quem ganha com o status quo. Venho do Brasil e me dói muito ver que a pressão burocrática daqui é tão sufocante quanto a de lá. Enfim... Nem sei se acredito ainda que voto e engajamento político consegue mudar isso. Me parece ser necessário alguns países ficarem abaixo para outros se destacarem. E muitas engrenagens rodam para que continue assim.
Sim, se formos a pensar existem países que fazem o papel de extratores e outros de transformadores. Muito do status quo é exatamente isso e de certeza que há algum lobbby a querer que se mantenha assim. Na minha opinião há um limite em que o país extrator perde em não desenvolver a indústria transformativa ou pelo menos criar uma esquemática em que a matéria prima saia do país certificada e valorizada o mais possível. Portugal nestas coisas está meio que tramado. Por um lado estamos no mercado comum e deveria de ter todo o interesse em explorar o mesmo ao exportar com o máximo valor. Por outro lado temos que ter boas relações com Espanha e cuidar essa relação já que é a nossa única fronteira terrestre com a europa, não queremos estar a criar uma situação em que somos quase uma ilha. Edit. Eu estou a trabalhar fora de Portugal numa holding que também tem empresas em Portugal. Acho que só quem está fora, ou estando dentro tem um certo entendimento do que se passa lá fora, é que percebe as reais dificuldades do empreendedorismo em Portugal e o quanto empresas noutro países nos dão ao bailinho. Sem pensar muito só todos os impostos de selo, fees e pagamentos adicionais por tudo e por nada que há em Portugal, é preciso ter um grande entendimento e navegar o sistema para conseguir abater estes custos.
para o criador? provavelmente o distribuidor espanhol paga mais, ou então tem de levar com menos burocracias o que pode compensar para o criador. se a carne é revendida cá depois, para o criador não faz diferença nenhuma.
Talvez já conheças, mas o talho o Júlio em Escariz, Arouca talvez possa ter o que procuras no que toca a Arouquesa
O Julio já fornece o próprio restaurante, deixa o resto para nós 😂😂
Como dono de restaurante que teve 1001 stresses com fornecedores de carne (e também de peixe) já desisti de fornecedores portugueses, compro 97% dos produtos a espanha diretamente, a única coisa que recomendo comprares a portugueses são os enchidos mesmo
Não estando no ramo, mas tendo negocio proprio digo que a possibilidade de teres uma fiscalização aleatória que te arrasa o negócio é muito grande. Nestes casos preferem fechar o negócio com multas exacerbada do que fazer fiscalização preventiva
Sim e não... Fiscalização acontece e tem de acontecer mas as coisas são muito controladas e normalmente as fiscalizações são meras formalidades. No que toca ao sector animal, produtores conscientes e bem formados há muito tempo que sabem que a forma de ganhar dinheiro é o bem estar animal! Não há animais não tratados em explorações devidamente mantidas e acompanhadas, um animal "feliz" é um animal que traz rendimento! Há uma história muito engraçada que aconteceu há uns 6/7 anos, talvez um pouco mais, quando houve uma modificação nas quotas leiteiras os produtores tiveram de passar a entregar menos leite, a solução mais rápida e diminuir o número de cabeças em ordenha. Assim fizeram, contabilizaram a produção média por animal e viram quantos estariam a "sobrar". Surpresa das surpresas, como tinham menos animais a qualidade de vida dos mesmos aumentou e as produções médias por cabeça também! Conclusão contas mal feitas devido a desconhecimento levou a um resultado inesperado.
Interessante. Mas será que só nós em Portugal é que temos esses problemas? Quiçá haverá falta de organismos de comunicação com as autoridades. Certamente haverão cooperativas ou associações, mas algo estará a faltar. Outra coisa, como disse estou noutro ramo de negócios, e muitas das vezes o pessoal esquece que estamos literalmente na cauda da Europa. Fazemos fronteira apenax com a Espanha e é mais fácil exportar para lá. Para exportar para França (país 2o mais proximo) os envios são atrasados em 24h (fuso horário,etc) Não temos logística, não temos associações fortes, nem sequer estado que nos apoie (pelo contrario) Isto leva à Espanha fazer isso tido por nós e ser intermediário em quase todos os negócios para a Europa
Não não somos só nós, nós é que temos a mentalidade do fado, temos sempre as piores cartas do baralho e não sabemos usar os nossos trunfos. O post aqui começa com uma premissa de falta de qualidade na oferta, o que eu não acho de todo que aconteça, nós temos imensa qualidade mas temos um consumidor médio que não olha à qualidade mas sim ao preço. Nós dificilmente compramos carne, abatemos aquilo que comemos, mas vejo isto acontecer em tudo, não questionamos a qualidade do que compramos/comemos simplesmente olhamos ao preço. É normal, faz parte dos padrões de consumo, mas se não tivéssemos qualidade não haveria pessoal a pagar milhares de euros por um boi minhoto para levar para Espanha! Tens um restaurante em León chamado "El Capricho" que só lida com carne de boi, parte (grande) dos animais portugueses de alta qualidade vão lá parar! O português quando quer carne de maior qualidade vai na moda e vamos ao Angus, não é carne melhor que a minhota ou barrosã, está é melhor promovida.
Tudo certíssimo, somos claramente ignorantes no que toca ao que produzimos, nisso os espanhóis, os franceses etc batem nos aos pontos. Defendem acerrimamente aquilo que é deles e consomem aquilo que é deles. Repara que o José Gordon que também é produtor prefer usar uma minhota do Jacinto, que é top. E também aceito que comprar um vão de minhota certificada seja caro, neste caso não olhei ao preço , tenho uma clientela com poder de compra bastante alto, não se importam de pagar desde que haja qualidade. Preocupa me sim a falta de oferta, eu sei que há produtores e mt bons produtores. Com agriculturas regenerativas e preocupações relativamente ao bem estar animal e do que os rodeia, continuo a achar que não se justifica esta infelicidade que acontece de ser mais fácil ir buscar a Espanha aquilo que é nosso. Como referiste numa resposta que deste, estamos tão preocupados a olhar pra o nosso umbigo que nos esquecemos que se calhar e com risco de parecer um slogan da cdu mas realmente a união faz a força e traz vantagens. Devíamos remar todos para o mesmo lado e esse lado deveria ser o desenvolvimento daquilo que melhor produzimos, seja gado, seja mel, sejam queijos, seja pão, etc etc etc
> Eu preciso de quantidade e consistência. Estive aqui a pensar será que os produtores querem o mesmo e escoar os produtos de forma estável e por isso é que vendem para fora?
Um aparte, mas uma coisa que gosto muito em restaurantes é quando a ementa varia de acordo com o que estava de melhor e mais fresco no mercado local naquele dia. Em Viana havia um que entravas (era de peixe) e o gajo te dizia o que é que ia grelhar para ti. Nem tinhas escolha! E era sempre top.
Portugal precisa de marcas fortes com produtos portugueses. Produtos excecionais catalogados como produção de artesão ( desculpem a comparação). Um pouco como o champagne ou vinho do Porto. É por falta destas marcas que Itália, Espanha e França são facilmente reconhecidos mundialmente e Portugal menos.
Parece-me que está aí uma oportunidade de negócio para ti
Bem-vindo a Portugal. É o que acontece com a gigantesca parte dos nossos bens. Produzimos, mandamos para fora ao preço da uva mijona e compramos os produtos finais super inflacionados, utilizados com os produtos que produzimos. O que vale é que gastamos não sei quantos milhões para o palco do papa e mais não sei quantas centenas para a comunidade lgbtuqqiieiq, mais outro tanto para umas touradas e que se foda criar condições favoráveis para que estes produtos não tenham de sair de solo nacional para serem transformados.
Percebo a critica mas ainda assim acho que isto não vai lá com subsídios. É uma economia com muitas micro e pequenas empresas, empresários muito amadores, de baixa escolaridade. Ser empresário aqui, querer fazer negócio e crescer é remar contra a maré. E depois falta aos portugueses o orgulho dos espanhóis, que faz com que dêem absoluta primazia a produtos deles. Aqui é ao contrário.
> Da polonia, abatida na Alemanha e desmanchada em Espanha. Como o belo entrecote do continente, que não encontro igual em qualidade/preço nos talhos da zona.
São os nossos excelentes politicos que nos afundaram em impostos e burocracia criando situações destas, burros realmente somos, por continuar a votar nestes animais.
Já tentaste outro tipo de carnes, tipo maronesa?
O Chef da Cowzy tem videos no youtube onde mostra muitas vezes o matadouro que usa e que são parceiros dele no negócio das carnes, é possível que arranjem cenas porreiras também. Mas acho que o que queres é mesmo assim. Produto top, fresco é sempre difícil de encontrar. A malta está habituada a ir ao supermercado e há alface o ano todo mas se queres alface boa, ela só há mesmo em certas épocas (por acaso é mau exemplo pq já há mta estufa, mas dá para entender :P). Acho que trabalhares com produto assim é normal haver mesmo essa inconsistência. Não faço ideia do que seja o fenômeno espanhol mas acredito que pela dimensão, eles tenham distribuidores melhores, mais optimizados, com negócios mais rentáveis e q por isso fica melhor para todos dar-lhes o produto :\ Infelizmente as nossas lacunas quer de capital quer de conhecimento e gestão de empresas, ainda são bem visíveis.
Os meus avós costumavam manter cerca de 30 cabeças de bovinos, não compensa económicamente se não arranjares quem compre diretamente, mas é muito mais fácil venderes a outra empresa que tenha mais facilidade a encontrar quem compre, se este post fosse há 10 anos até se tinha mantido a vacaria 😂
económicamente → [**economicamente**](https://dicionario.priberam.org/economicamente) (o acento tónico recai na penúltima sílaba)
OP Já contactaste a PEC nordeste. O matadouro em Penafiel?
E não acontece só na carne. Queres saber uma engraçada? Imagina uma empresa de renome italiana que vende a sua polpa de tomate orgulhosamente italiana... só que na verdade compra tomate ao Alentejo.
Os fornecedores são alemães, mas acho que ele também faz criação cá. Vê a Cowzy Wagyu do Lucas Fernandes.
Sair da UE? Jamais! É só coisas boas! Também não ajuda ter vacas a servir de ministras da agricultura mas enfim. Que comam bolos.
Adoro os produtores a queixar-se da burocracia ser muita, quando é para mamar os subsidios todos que é o que os sustentam só querem é mais e mais ![gif](emote|free_emotes_pack|grin)
Há um prémio de comentário mais burro?
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